Por Vera Novais, presidente SciComPt 

O grande lago de Zurique, à semelhança do mar dos Açores, foi o cenário para uma reflexão sobre a comunicação de ciência – neste caso, especificamente para as equipas de comunicação das instituições de ensino superior. A SciComPt esteve presente para partilhar a experiência portuguesa com os colegas de vários países europeus.

O tema do congresso SciComPt 2022, “Pára, Escuta e Age: Refletir no Passado para Construir o Futuro”, inspirou a sessão promovida no âmbito da conferência Euprio 2022 onde a Rede convidou os colegas dos gabinetes de comunicação a parar para pensar sobre a comunicação de ciência, “Please stop! Let’s rethink together and build a new future for Science Communication”. 

O conflito entre alcançar todos os públicos possíveis e ter recursos limitados (humanos, financeiros, de tempo ou espaço), assim como a escassa avaliação sobre se as iniciativas estão a chegar aos públicos pré-definidos, foram as principais dificuldades que emergiram das duas sessões (de uma hora cada) – ainda que alguns participantes não tivessem até à data tomado total consciência sobre elas.

Muitas das atividades discutidas entre os participantes eram destinadas ao “público em geral”: uma entidade sem uma definição clara e demasiado abrangente para ajudar na seleção da mensagem e formato da iniciativa – sem contar que se torna quase inviável avaliar se o objetivo foi cumprido.

Quase tão indefinido como o “público em geral” é o “público potencialmente interessado”. Mais claro é ter os jornalistas como público-alvo, mas até aqui se pode ser mais específico: comunicar de forma simplificada com os jornalistas dos tabloides e gradualmente aumentar a quantidade e complexidade da informação até aos órgãos de comunicação ou jornalistas especializados.

Nesta tentativa de chegar a vários públicos, alguns ficam claramente à margem, como os migrantes. É preciso perceber se se estão a usar os canais corretos, se os destinatários da mensagem entendem que é para eles e, eventualmente, usar elementos da comunidade (cientistas ou não) para motivar os migrantes a participarem nas iniciativas.

Entre os formatos sugeridos para comunicar a mensagem destacaram-se: a comunicação por camadas, com diferentes níveis de complexidade, que o público interessado pode ir aprofundando; palestras de ciência nos espaços dos concertos de música clássica (ou outros); youtubers no laboratório; assistir a um evento de ciência, como um lançamento de um foguetão, num bar como se fosse um jogo de futebol e com comentadores ao vivo; levar a ciência às festas da aldeia.

A presidente da SciComPt esteve presente na conferência Euprio, de 28 a 30 de agosto de 2022, a convite do presidente da Euprio, Gian-Andri Casutt, também com o objetivo potenciar futuras parcerias entre as duas instituições.

A Euprio é uma associação europeia de profissionais de comunicação das instituições de ensino superior (mas não exclusivamente comunicadores de ciência) e pode ter membros individuais ou institucionais. A conferência promovida pela associação pretende promover as melhores práticas de comunicação nos vários países representados.