
Plenárias
Plenária 1
3 de maio | 14h45 | Teatro Municipal de Bragança
“Os meninos à volta da fogueira”
Dos arquétipos ancestrais aos griots contemporâneos, das cronografias colectivas às memórias geobiográficas e das narrativas de aventura às cartografias para mentes inquisitivas e futuros avós.
Desde os tempos em que os seres humanos se sentavam em redor de uma fogueira, aninhados uns nos outros para redobrada segurança, que contam histórias. Histórias sobre si e sobre aqueles a quem amavam ou odiavam, histórias sobre as suas conquistas, histórias sobre os seus locais de origem, de passagem e de destino, estórias inventadas para propagar ideias, filosofias e conceitos nem sempre bem entendidos. Das narrativas de viagem às narrativas de aventura, das de descoberta às de guerra, das biográficas às académicas e científicas, das estórias engendradas com o objetivo explícito de disseminar códigos sociais e justificar conceitos metafísicos, aos contos e canções inventados para descrever mundos reais e terras imaginárias, o nosso percurso individual/social pouco mais é do que uma colecção narrativa conceptual. Foram estas histórias agregadas e contextualizadas para surtir determinado efeito que nos permitiram ir construindo, ao longo de séculos, noções de identidade, nacionalidade, sociedade, historiografia, arte e ciência. Este é um sistema narrativo omnipresente que funciona com base em tempos sociais suficientes para registar e transmitir o conhecimento. Talvez por isso a aceleração tecnológica das últimas décadas tenha feito vacilar as formas e tradições da partilha de estórias, e talvez por isso, também, o regresso do storytelling aos palcos sociais tenha chegado pelas mãos de exímios/as comunicadores/as que modernizaram a forma de transmitir conceitos científicos, alavancando-se em novas tecnologias e em sistemas narrativos ancestrais – pensemos em nomes como os dos astronautas Chris Hadfield ou Sian Proctor, David Suzuki na biologia, Neil deGrasse-Tyson na física, Xiuhtezcátl Martínez ou Greta Thunberg na ecologia, Jane Goodall ou David Attenborough no mundo animal. De forma hipnótica, ouvimos estes bardos da tradição oral, estes griots contemporâneos declamar os fenómenos do mundo natural de uma forma que nos captura, por apelar ao nosso âmago como seres humanos. No fundo, somos todos – ainda – meninos/as à volta da fogueira, ouvindo os contos das nossas avós e deixando as nossas imaginações voar nas asas de novas ideias. Nesta sessão interativa, Pedro José-Marcellino explora um percurso profissional eclético, construindo caminhos possíveis entre a curiosidade, a ciência e a comunicação por via de rotas narrativas e geobiográficas, ao mesmo tempo individuais e comuns à audiência.
Pedro José-Marcellino (Lisboa, 1978) é cineasta, politólogo, curador e programador cultural. Foi jornalista, editor, autor técnico e infantil, e continua a escrever umas coisas. Como cientista social e conselheiro político, trabalhou pela América Latina, Caraíbas, e África fora, bem como em agências internacionais pelo mundo inteiro. Viveu na Escócia, em Buenos Aires, em Adis Ababa e no Mindelo; recorda-se de Svalbard como o seu nascimento para o mundo; vive em Toronto, mas é no Alto Tâmega, na Terra Fria Transmontana, e na Ilha do Fogo em Cabo Verde que se sente em casa. Em 2022 passou a ser um dos poucos Portugueses que participaram em missões numa estação análoga a Marte, cobrindo a experiência diaramente no Observador. É portanto, cidadão-astronauta e comunicador de ciência. Meses depois, rodeado de rocket scientists, coçaria a cabeça na Casa Branca, cara a cara com a Conselheira Especial para o Espaço da Vice-Presidente Kamala Harris, perguntando-se o que teria acontecido com a sua vida.
É aprendiz de piloto, montanhista, kayaker, jogador de râguebi reformado e apaixonado por cães enormes. Mas também faz coisas sérias. Passou pelo ISCSP-ULisboa nos idos anos 90 (Relações Internacionais, Assuntos Africanos), duplicando posteriormente a Licenciatura em Política Internacional na Universidade de Aberyswtyth, Gales. Tem um Mestrado em Desenvolvimento Internacional, e Pós-Graduações em Estudos da América Latina, Cinema Documental, e Gestão do Sector Audiovisual, em diversas universidades canadianas. Desde 2012 que trabalha em produção de audiovisual, sobretudo em documentário político, tendo fundado em 2018 a produtora Anatomy of Restlessness Films, em Toronto. Desde 2022 que lidera o colectivo de cinema caboverdiano Instituto de Cinema Pano Terra e a Pano Terra Filmes. É membro de várias organizações de cinema canadianas e caboverdianas, em que integra diversos órgãos de liderança. Em 2018 recebeu o Prémio Social Rigoberta Menchú em reconhecimento do seu trabalho de comunicação política e de representação e mainstreaming de narrativas subalternas.
Instagram: @pjmarcellino
Linkedin: pjmarcellino
Plenária 2
4 de maio | 09h00 | Instituto Politécnico de Bragança
“Science Media Centre España: lo que necesitas cuando la ciencia es noticia”
O Science Media Center Espanha, lançado em março de 2022 pela Fundação Espanhola para a Ciência e Tecnologia (FECYT), é um gabinete jornalístico independente que fornece recursos, conteúdos fiáveis e fontes especializadas para cobrir as notícias quando a ciência chega às manchetes. Trabalhamos para três públicos – jornalistas, a comunidade de investigação e gestores de comunicação –, com o objectivo de melhorar a qualidade da discussão pública sobre as muitas questões atuais que estão ligadas à ciência. Fazemos parte de uma rede internacional SMC, com origem em 2002, na qual trabalhamos em colaboração com os nossos homólogos no Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha, Canadá, Quénia, Japão e Taiwan. Oferecemos conteúdos de notícias com diferentes graus de profundidade e imediatismo para cobrir assuntos actuais da ciência: reacções rápidas, explicações e análises. Também recursos sobre comunicação e assuntos actuais, e briefings. Tudo sob licença Creative Commons. Estamos atentos a qualquer informação controversa sobre ciência para reagir com a agilidade de que os media necessitam. Trabalhamos com embargos de revistas científicas e acompanhamos o debate público no caso de este exigir vozes especializadas. No SciComPt 2023, queremos apresentar resultados e, para tal, não apresentaremos apenas dados, mas recolheremos testemunhos dos nossos públicos-alvo: jornalistas, investigadores e gestores de comunicação, que vão explicar como a SMC Espanha os ajuda no seu trabalho como jornalistas ou, no caso do pessoal de investigação, na sua relação com os meios de comunicação, e o que gostariam que fizéssemos no futuro.
Pampa García Molina (Madrid, 1976) é jornalista de ciência, com Licenciatura em Física pela Universidade Complutense de Madrid e Mestrado em Jornalismo Científico pela Universidade Carlos III de Madrid. Desde 2011, trabalha na Fundación Española para la Ciencia y la Tecnología (FECYT), onde dirige o Science Media Centre España desde março de 2022. Até essa data, era editora-chefe da Agência SINC, o primeiro órgão público estatal especializado em informação sobre ciência em espanhol, com uma licença Creative Commons. É membro da Direção da Asociación Española de Comunicación Científica.
Pampa Molina tem contribuído regularmente para programas de ciência na rádio RNE, Onda Cero e outros. Ministra formação em jornalismo científico em mestrados, workshops e seminários dirigidos tanto para jornalistas como para a comunidade científica. Anteriormente, trabalhou como escritora e editora para vários meios de comunicação na Espanha e foi coautora de livros populares de ciência para adultos e crianças.
Twitter: @pampanilla
Linkedin: pampagarciamolina
Plenária 3
5 de maio | 09h00 | Instituto Politécnico de Bragança
“Remember the communication part of your science communication: using inclusive methods in your message”
O que queremos dizer quando falamos de diversidade e inclusão: é equidade ou igualdade? Que significado é que isto tem para a comunicação de ciência? Compreender o nosso público é fundamental para lhes comunicarmos a nossa mensagem, mas compreender o que levamos para essa comunicação é igualmente importante. Muitas vezes dirigimos a nossa mensagem a um presumível público, portanto: o que sabemos realmente sobre essas pessoas, quem não está na audiência e de que forma a nossa experiência contribui para essa comunicação? Esta sessão irá explorar a inclusão na comunicação de ciência e analisar como a nossa identidade contribui para a forma como comunicamos e como aquilo que comunicamos é percebido. Olharemos para porcas e parafusos, bem como para arco-íris e fitas para tornar a nossa comunicação tão inclusiva quanto possível. Não há uma solução única para todos, mas há opções que podemos ter em mente.
Lenna Cumberbatché consultora com experiência em saúde, media, tecnologia e ensino superior, nos setores público, privado e sem fins lucrativos, tanto a nível nacional, no Reino Unido, como internacional. Nestes contextos, Lenna tem também assumido cargos administrativos e direções não-executivas. Na área específica de mudanças estratégicas tendo em conta a diversidade e inclusão, Lenna trabalhou (a título formal e voluntário) em funções em instituições como o Wellcome Trust, a Universidade de Cambridge e a Royal Society (em conjunto a Windsor Fellowship para jovens sub-representados e o Terrence Higgins Trust em prol da saúde sexual). Lenna Cumberbatch é administradora da British Pharmacological Society e diretora não executiva da empresa de recrutamento Goodman Masson. Lenna faz parte da equipa que audita, analisa e monitoriza solicitações e projetos de subsídios de vários milhões de euros na Agência de Execução Europeia da Investigação. As palestras de Lenna incluíram BBC Scotland, LGBTQ+ Steminar e o festival Women of the World (WOW) e a participação regular no Toastmasters Club local. É membro do Chartered Management Institute e membro da Royal Society para o Incentivo às Artes, Manufaturas e Comércio, Lenna também é mecenas do Switchboard, uma linha de ajuda LGBT+, e mediadora anti-bullying em escolas para a instituição de caridade Diversity Role Models.
Twitter: @VirtualLenna
Linkedin: lennacumberbatch
Painéis SciComPt
Painel SciComPt 1
4 de maio | 14h00 | Instituto Politécnico de Bragança
“Comunicar o artificial com inteligência”
O desenvolvimento extremamente acelerado da tecnologia, particularmente se considerarmos tecnologias emergentes e com um certo grau de autonomia como a inteligência artificial, tem sido exemplo vivo de um ramo de rápida evolução da ciência com um impacto crescente no quotidiano de milhões. Esta mudança vertiginosa apresenta um desafio claro em termos de literacia científica e envolvimento publico.
Conforme a área de estudo e diferentes perspetivas, observamos diversos níveis de otimismo, pessimismo ou neutralidade em relação a estas tecnologias, mas o fator de concordância parece ser que o facto de existir um alto grau de complexidade na interação entre seres humanos e elementos tecnológicos e que esta é uma área em constante progresso.
Qual poderá ser o papel que a comunicação de ciência pode ter na compreensão, construção e desmistificação destas novas tecnologias?
Desafiámos um painel multidisciplinar a esclarecer e ponderar diferentes consequências em áreas distintas, abrindo também essa discussão aos participantes no SciComPt2023.
A sessão será transmitida na Rádio Brigantia.
Catarina Barata, engenheira, investigadora no Instituto de Sistemas e Robótica e Professora Assistente Convidada no Instituto Superior Técnico. O seu principal interesse de investigação é a IA explicável (máquina e aprendizagem profunda). Interessada em desenvolver representações mais eficientes para redes neurais, inspiradas na forma como os humnos percebem o mundo e integram novas experiências. O seu trabalho abrange vários problemas de visão por computador, com particular ênfase na análise de imagem médica. Está envolvida no consórcio global “Responsible AI”.
Linkedin: catarina-barata-99924582
Ana Cláudia Albergaria, Socióloga, com Mestrado em Sociologia – Construção Europeia e Mudança social em Portugal/ FLUP/2006. Investigadora integrada do IS-UP- Instituto de Sociologia da Universidade do Porto/ FLUP, subgrupo de investigação TEPO: Trabalho, emprego, profissões e organizações. A sua tese de doutoramento está a ser desenvolvida em torno da temática “Inteligência Artificial e os Direitos Humanos” (dez.2020 – maio 2024).Tem desenvolvido a sua atividade profissional fundamentalmente na área da investigação social, em centros de investigação universitários; na área da coordenação e desenvolvimento de formação/educação e em gabinetes de investigação e projetos, predominantemente no sector da economia social e solidária.
Linkedin: ana-claudia-albergaria-a37b5714a
Alexandre Almeida, Diretor da LOBA, parceira Portuguesa, no projeto Europeu ‘Robotics4EU’, do pouco projetos que se baseiam numa análise internacional de ‘AI readiness’. O Robotics4EU foi um projecto de 3 anos financiado ao abrigo do programa Horizonte 2020, que visou assegurar uma adopção mais generalizada de robôs (baseados em IA) nos cuidados de saúde, inspecção e manutenção de infra-estruturas, agro-alimentar, e produção ágil, tendo sido desenvolvidos um série de eventos, workshops e relatórios nesse sentido.
Linkedin: almeidaalexandre
Mário Vairinhos, Professor no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro desde 2001, investigador no DigiMedia – Digital Media and Interaction is an interdisciplinary research centre of the University of Aveiro na área de Design de Interacção e Interacção Humano-Computador, com particular interesse nos Media tangíveis e na Realidade Mista. Desenvolve trabalhos de Arte Digital e projectos de Museografia em design de interacção. Foi co-fundador e editor da revista Mimesis Contemporary Art journal. Licenciado em 1996 em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, em 2001 obteve o Mestrado em Artes Digitais na Escola de Artes do Porto, Universidade Católica Portuguesa. É doutorado em Ciências e Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro e pela Universidade do Porto.
Linkedin: m%C3%A1rio-vairinhos-898654135
Facebook: mariovsky72
Painel SciComPt 2
5 de maio | 14h00 | Instituto Politécnico de Bragança
“Comunicação de ciência nos países africanos de língua portuguesa”
Sentados nos gabinetes, ocupados em múltiplas atividades de divulgação científica ou blindados pela muralha digital – que nem sempre é uma janela tão grande quanto desejável –, os comunicadores de ciência na Europa desconhecem em larga medida aquilo que é feito pelos colegas em África.
Os convidados desta mesa redonda vão poder contar, na primeira pessoa, de que forma têm fomentado a comunicação de ciência nos países de origem, o que ainda falta fazer nos contextos nacionais e de que parcerias poderiam beneficiar. A moderar a sessão, um luso-cabo-verdiano que trabalhou em vários países africanos.
A sessão é promovida pela Rede SciComPt que, apesar de estar mais vocacionada para a comunicação de ciência em Portugal, também quer estender laços nos países de língua portuguesa, aprender com as experiências dos colegas e partilhar as iniciativas que se têm desenvolvido em Portugal e no contexto europeu.
Yara Rodrigues é diretora do Serviço de Investigação, Extensão e Edição da Universidade Técnica do Atlântico de Cabo Verde. Adicionalmente, desempenha funções de coordenação de projetos de promoção, desenvolvimento e comunicação da ciência, como a produção de Newsletters sobre ciência, promoção de feiras de ciências para crianças e estudantes do ensino secundário, campanhas de sensibilização de projetos práticos que envolvem a comunidade de forma inclusiva, dinâmica e com aplicação no dia a dia. “Dentre outros projetos que coordeno, que tem tido bastante aceitação e está em crescimento é o All Atlantic Blue Schools Network / Escolas azuis em Cabo Verde, sendo uma das responsáveis pela implementação da alfabetização oceânica no país.”
Linkedin: yrodrigues
Facebook: yara.rodrigues.545
Huyulay Maia é cientista e professor Assistente na Faculdade das Ciências e das Tecnologias da Universidade de São Tomé e Príncipe. Atualmente participa em duas iniciativas de divulgação científica em São Tomé e Príncipe: Lab in a Suitcase e Cartas com Ciência. “Fazer ciência nos países africanos de língua oficial portuguesa é difícil e trabalhar na sua divulgação ainda é muito mais difícil, portanto ter encontros entre colegas que podem partilhar suas experiências e falar de como é feito nos seus países poderá ser uma mais valia para mim.”
Linkedin: hugulay-maia-19a20850
Eliane Arez é Angolana a residir em Portugal desde os seus 7 anos de idade. Licenciou-se em Microbiologia, especializou-se em Parasitologia Médica e doutorou-se em Neurociências, sempre com o objetivo de regressar ao seu o país de origem de forma a poder contribuir para o desenvolvimento científico e redução de problemas como a malária e outras doenças transmitidas por insetos. É já durante o doutoramento que descobre a sua paixão pelo ensino e comunicação de ciência, tendo-se envolvido em projetos como o TreeTree2 AfterSchool, Cartas com ciência e Ciência de Noz Manera. Profissionalmente, colaborou na implementação do projeto Lab in a Box em Angola e, neste momento, está a tentar regressar a Angola ao mesmo tempo que tem trabalhado, em colaboração com profissionais Angolanos de diversas áreas, para a criação de uma associação de comunicadores de ciência.
Linkedin: Eliane Arez
Instagram: @eliarez
Valente Cuambe é natural de Moçambique, licenciado em Física pela Universidade Eduardo Mondlane e doutorado em Astrofísica pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no Brasil. Coordena o Gabinete de Astronomia para o Desenvolvimento em Língua Portuguesa da organização internacional de Astronomia em Moçambique. Atualmente desenvolve atividades de pesquisador em Ciências Espaciais no Atlantic International Research Centre (AIR Centre), cujas atividades estão centradas na RAEGE – rede atlântica de estações geodinâmicas e espaciais na ilha de Santa Maria, nos Açores. “A participação neste Congresso me permitiria estabelecer contatos com outros pesquisadores e profissionais de comunicação de ciência, e expandir minha rede de colaboradores.”
Linkedin: valente-cuambe-931667a5
Moderação: Pedro José-Marcellino é cineasta, politólogo, curador e programador cultural. Foi jornalista, editor, autor técnico e infantil, e continua a escrever umas coisas.